quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O QUE UM TURISTA CEGO VÊ?



      Tony Giles nasceu com um problema na visão e ficou cego aos 10 anos. Mas isso nunca o impediu de viajar. Aos 32 anos, o inglês já encheu 3 passaportes com vistos de 56 países. E decidiu contar como enxerga as belezas e os problemas de cada lugar no recém-lançado livro Seeing the World My Way (sem tradução em português). Giles falou com a SUPER por telefone de 3 cidades diferentes – La Paz, Londres e Atenas.

Como você faz para conhecer os locais que visita?
      Não consigo enxergar sequer sombras. Isso significa que preciso de todos os outros sentidos para absorver a cidade de acordo com o tipo de superfície, as músicas e vozes, as comidas, os aromas. Tenho um senso único em relação aos outros turistas, porque uso todos os meus sentidos em conjunto, algo raramente feito por quem enxerga.

Como esses sentidos ajudam a diferenciar os lugares?
      Pelo ar sei se estou perto da praia, como quando sinto o ar salgado de Seattle ou Bodrum, na Turquia. Ou se a cidade é poluída. De Yerevan, na Armênia, minha lembrança é uma combinação de fumaça de escapamentos, chaminés de fábrica e cigarro. Também aprendo sobre a cultura. Sei que estou em Chicago logo ao sair da estação de ônibus por causa do cheiro da carne e do jazz e do blues que ouço. Já Buenos Aires e Lima me dão a sensação de caminhar por cidades interioranas, em vez de grandes megalópoles, pois consigo ouvir o som de pássaros e cachorros.

Qual é sua cidade favorita?
      Na verdade prefiro natureza a cidades. Consigo captar muito pela pele e uso meu corpo para sentir o ambiente. Quando caminho por uma floresta, tenho a sensação de que o ar está comprimido. Se parece que ele se expandiu, sei que cheguei a uma área aberta. Posso detectar mudanças na pressão do ar e na temperatura. E sinto que pode chover se o vento sopra mais forte.

Mas se tivesse de escolher uma cidade…
      Bangcoc, na Tailândia, é incrível. O cheiro de sujeira, dos incensos, da comida de rua, dos canais e dos esgotos a céu aberto se junta ao calor, à umidade e ao barulho do trânsito para atacar meus sentidos simultaneamente. Por outro lado, Veneza me decepcionou. Para mim a cidade cheira a esgoto, não importa quão romântica seja para os outros.

Como você se orienta?
      Ando com uma bengala e na mesma direção do trânsito ou do vento. Uso o barulho do tráfego para me guiar. Se preciso encontrar um metrô, uma boa indicação é sentir um grande número de pessoas indo e vindo, ou a vibração que o trem provoca na calçada. Também conto as ruas que atravesso quando me locomovo e refaço o caminho na volta. Em algumas cidades é mais difícil transitar. Como em Atenas, onde as pessoas estacionam os carros na calçada.

O que achou do Brasil?
      O trânsito no Rio, em São Paulo e no Recife era impressionante, com motoristas buzinando e motores de carros que soavam como armas de fogo. Em Salvador, tinha batuque o dia todo, um barulho parecido com pessoas batendo à porta. Gostei muito do povo, das praias de areia macia e dos sucos de frutas frescas. Que país maluco!

Você já sentiu medo de viajar sozinho?
      Sou confiante. Viajar sozinho nunca foi um problema e nunca será. É minha paixão.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

FILMES SOBRE DEFICIÊNCIA QUE MARCARAM A HISTÓRIA DO CINEMA

Cinema Paradiso


por Emílio Figueira

      Dadas as dificuldades culturais de nosso país, sobretudo do cinema brasileiro, temos apenas dois registros de filmes realizados no Brasil sobre portadores de deficiência; "Feliz Ano Velho" (1987), dirigido por Roberto Gervitz, com Marcos Breda, Malu Mader, Carlos Loffler. Livre adaptação da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a luta de um rapaz para retomar sua vida e vencer o trauma do acidente que o deixou tetraplégico.
      Outra produção de destaque é o longa-metragem dos cineastas Walter Carvalho e João Jardim, o documentário "Janela da Alma", rodado em 2000. Seu pilar de sustentação são os depoimentos, onde as pessoas ouvidas têm problemas de visão, em maior ou menor grau. Hermeto Pascoal, José Saramago, Win Wenders (que, além de cineasta, escreveu o livro "A Arte de Ver"), Marieta Severo, Antônio Cícero, João Ubaldo Ribeiro e Manoel de Barros são alguns dos nomes presentes. Mas também há figuras não tão conhecidas do público, a exemplo de Arnaldo Godoy - um vereador deficiente visual de Belo Horizonte - e do fotógrafo francês Edgar Bavcar que é cego. Cheio de poesia, o filme de Carvalho (um dos melhores fotógrafos brasileiros) e Jardim recorrem ainda a imagens de caráter poético e delicado.
      "Janela da Alma", ficou pronto há 10 dias, após quatro anos de trabalho, após 30 horas de gravação e 450 horas de edição. Nesse período, foram ouvidas 43 pessoas, mas apenas 17 aparecem na película. As filmagens percorreram o Brasil, Europa e Estados Unidos.
      O mesmo não se pode dizer do cinema norte-americano, no qual uma infinidade de enredos realistas e depoimentos são produzidos com bons níveis. Deixam claro que, ao pesquisarem subsídios para as produções, nunca exploram o sensacionalismo. São filmes puros, sempre trazendo uma mensagem do otimismo que anima as pessoas ir a luta depois de assistirem as fitas.


Nascido em 4 de Julho

      São inúmeros os exemplos. Iniciaremos com o filme "Meu pé esquerdo" (My Let Foot), do diretor Jim Sheridam, Irlanda, 1989, tendo no papel principal o ator Daniel Day Lewis, Oscar de melhor interpretação em 1990. Lewis fez o personagem Christy Brown, portador de paralisia cerebral, pintor e escritor irlandês, nascido numa família pobre em Dublin, na década de 30 e que se revelou intelectualmente através das telas pintadas com o pé esquerdo, uma das únicas partes do corpo que mantinha certa independência.
      Christy, definitivamente, não foi um herói, sendo o que de mais importante o filme a respeito de sua vida nos passa. No decorrer do enredo, por meio do seu próprio esforço pessoal, ele teve quando criança de provar para a sua própria família que o seu impedimento era apenas físico/motor (paralisia cerebral) e não intelectual ou mental, como muitos acreditavam. A certa altura, ao escrever com um giz entre os dedos do pé esquerdo, no chão de sua casa, a palavra "mother" (mãe em inglês), foi reconhecido como alguém que dispunha do seu cérebro para pensar e aprender. Com este gesto - e esforço ganhou o reconhecimento do pai, que, somente agora, afirmava ser Christy um membro da família Brown. Talvez, neste momento, o próprio Christy tenha percebido que também podia manifestar as suas emoções.

      Seu comportamento era igual a de qualquer pessoa. Fumava e às vezes, bebia um pouco demais. Apaixonou-se pela médica-terapeuta, que nas seções de terapia o abraçava e tocava em seu corpo. Revoltou-se quando, ao manifestar o seu amor, recebeu a recusa da mulher amada. Insultou-a em público... e foi por ela chamado de canalha! Realmente, naquele momento, ele estava sendo canalha... (Ribas, 1990)
      No geral, "Meu pé esquerdo" mostra, sem nenhum sensacionalismo, o retrato da paralisia cerebral. Se notado mais profundamente no filme, vamos chegar a conclusão que, apesar de Christy Brown ter vivido algumas décadas atrás, ainda é grande a desinformação e as imagens erradas que ainda hoje, em pleno o Século XXI, a população têm referentes aos portadores do paralisia cerebral.


Carne Trêmula


The New York Times
      Experiências pessoais também renderam bons filmes. Neal Jimenez, já era um roteirista americano famoso, quando, em 1984, ficou definitivamente paraplégico após uma fratura de pescoço ocorrida durante um acampamento. Baseado em sua experiência, ele escreveu e co-dirigiu com Michael Steinberg, em 1991, o filme "The Waterdance" (algo como "A dança das águas").
      Construído de forma bastante segura, o roteiro aborda o intenso programa de terapia física e psicológica a que o próprio Neal teve que se submeter durante os muitos meses passados em um centro de reabilitação.
      Na trama principal do filme, o elenco foi encabeçado por Eric Stoltz, no papel de Joel Garcia, um jovem e bem-sucedido escritor, que na época de seu acidente, encontra-se emocionalmente envolvido com Anna (Helen Hunt), uma mulher casada. Mas muitos outros detalhes e personagens entram no enredo.
      O grande marco de "The Waterdance" foi uma crítica elogiosa publicada em maio de 1992, no jornal "The New York Times", assinada por Vincent Canby, o qual considerou o filme ótimo, rodado em grande parte na enfermaria de um hospital, pungente em alguns momentos, mas sem pretender mostrar nada mais do que a capacidade de ser humano de triunfar sobre as adversidades que lhe são impostas pela vida.
      Após vários trechos de seu artigo, Canby finalizou dizendo: "O exato significado do título do filme não fica explícito, mas, aparentemente, se refere à miraculosa autoconfiança exigida desses paraplégicos de quiserem sobreviver e manter a sua sanidade: é como dançar sobre a água. O filme é notável tanto pelo anticlimax que consegue evitar, quanto por seu senso comum consistente e seu bom humor levado a sério".
      Outros filmes focalizando as temáticas das deficiências podem ser brevemente resenhados neste artigo: "Mentes que Brilham" (Litlle Man Tate), EUA, 1989, dirigido por Jodie Foster. Tendo no elenco a própria Foster, Dianne Wiest, Adam Hann-Byrd, o enredo conta a história de uma jovem operária, mãe solteira de uma criança que se revela superdotada, tendo como inspiração a própria história de Jodie, a qual foi uma criança-prodígio, enfrentando muitos desafios em sua vida, tais com aceitação e no filme o pequeno também encontra muitos problemas a enfrentar.
      Considerado um dos belíssimos filmes feitos por John Woo quando ele trabalhava em Hong Kong, "Rajadas de fogo" (título original Onde a Thief, 1991, tendo no elenco Chow Yun-Fat, Lesile Cheung e Cherie Chung), três ladrões - sendo um usuário de cadeira de rodas, sem nenhum estereótipo de dependência -, decidem dar um último e retumbante golpe, roubando obras de arte na Rivera Francesa, mas nem tudo sai como esperavam.
      Em "Nós sempre o amaremos" (No Chid of Mine, EUA, 1993, direção de Michael Katieman, com Paty Duke, Tracy Nelson e Markus Flanagen), pais pobres entregam para adoção seus filhos gêmeos, que nasceram com graves problemas de saúde, sendo um cardíaco e o outro portador da síndrome de Down; mas a avó, não gostando da atitude, resolve lutar pela guarda das crianças.
      Entrando um pouco no campo de AIDS, o cinema produziu o excelente Filadélfia (EUA, 1993, direção Jonathan Demme, com Tom Hanks), um filme que denuncia a discriminação sofrida por um advogado demitido de conceituado escritório em que trabalhava por ser portador sintomático do HIV.
      Citamos também "A filha de Ryan" (Ryan's Daughter), do diretor David Lean, filmado na Inglaterra em 1970. Na pequena cidade de Kirrary(1916), o professor Shaughnessy (Robert Mitchum) se apaixona por Rose Ryan (Sarah Miles), a filha de Thomas Ryan (Leo McKem), o dono da taberna local. Eles casam, mas a diferença de idade de 20 anos entre ambos é apenas um dos problemas que atrapalham a união. Quando chega à aldeia um novo comandante da guarnição do exército inglês, o jovem major Doryan (Christophet Jones), ele e Rose (a qual tem uma deficiência auditiva) iniciam um romance, tumultuado por uma série de acontecimentos que ocorrem na cidade, além do grande ódio dos habitantes aos soldados ingleses.
      Temos também "Uma razão para viver", (A Test of Love), Austrália, 1984. Dirigido por Gil Braaley, o filme tem em seu elenco Angela Funch McGregor, Drew Forsythe, Wallas Eston. Por um erro de diagnóstico, vítima de paralisia cerebral é enviada a instituição para doentes mentais. Uma professora (McGregor) descobre o erro e tenta repará-lo. Conquistando o prêmio principal do Festival de Cannes em 2000, há o filme "Dançando do Escuro", dirigido por Lars von Trier, com participação especial da cantora Bjork.
      Puxando um pouco da memória há exemplo de citação, sem maiores detalhamentos, temos em mente "Uma janela para o céu", história de uma esquiadora que fica paraplégica em um acidente numa competição, tornando-se professora e lutando pelo seu amor; "Byu", história de um senhor com deficiência mental que encontra em um cineasta todo um apoio; "O milagre de uma mãe", história de uma mulher que adota, cria e descobre o talento musical em um paralítico cerebral; "Gaby, uma história de amor", narrando a vida de uma moça também com paralisia cerebral; Filme: "Dançando no Escuro", do diretor Lars Von Triers - Atriz - Björk.
      "Simples como amar", filme que narra a história de Carla, uma jovem com deficiência mental leve que depois de anos e anos em escola especial descobre um novo mundo; sua mãe, cedendo aos apelos das outras filhas e do marido e acaba concordando que Carla frequente uma escola inclusiva para os "ditos normais" juntamente com as pessoas com alguma deficiência. Carla em sua nova escola conhece Dany, também portadora de deficiência, porém independente, trabalha que mora sozinha. Nessa fita fica a mensagem de como essa mãe deve aprender com a filha a conviver com as diferenças e a respeitá-la.
      Em rápidas citações e sem maiores detalhamentos, também existem os seguintes filmes que abordam tais deficiências: "A força de um campeão", física; "À primeira vista", deficiência visual, do diretor americano Irwyn Winkler; "Além dos meus olhos", visual; "Amargo regresso", paraplegia; "Amy", visual e auditiva; "Anne Sulivan", auditiva e visual; "Carne trêmula", física; "Desafio sem limites", paraplegia e deficiência visual; "Gilbert Grape - Aprendiz de sonhador", mental; "Meu filho meu mundo", autismo; "Mr. Holland - Adorável professor", auditiva; "Nell", autismo; "Nicky and Gino", mental; "O óleo de Lorenzo", física; "O piano", auditiva; "George, o oitavo dia", síndrome de Down; "O Silêncio", visual e auditiva, "Perfume de mulher", visual; "A canhotinha", deficiência física; "O domador de Cavalos", deficiência física e "Castelos de Gelo", deficiência sensorial.

A Força do Oscar
      Sobretudo, filmes que falam sobre as deficiências sempre foram bem acolhidos, demonstrando ter grande força na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Em 1989, o ator Dustin Hoffman ganhou o Oscar interpretando o autista do filme "Rain Man". Daniel Day-Lewis, em "Meu pé esquerdo", foi premiado concorrendo com o favorito de 1990, "Nascido em 4 de julho", onde Tom Cruise vivia um personagem mutilado na Guerra do Vietnã. "Forrest Gump - O Contador de Histórias" (Direção de Robert Zemickis, papel principal Tom Hanks), abordando a temática da deficiência mental, ganhador de um Oscar em 1995. Vencedor do Oscar de melhor documentário em 2000, o filme "King Gimp" (intitulado "Rei Coragem" no Brasil), narra a história, lutas e vitórias de um jovem com paralisia cerebral, Dan Keplinger, e sua trajetória até ser consagrado como um artista plástico; com o roteiro escrito pelo próprio Dan, foram de 12 anos de filmagens por dois cineastas, Susan Hannah Hadary e William Whiteford.
      Papéis de soldados e pessoas vítimas de guerras sempre foram os mais premiados na história da Academia, como o cego de Arthur Kennedy em "Só Resta a Lembrança" (1951) e o paralítico de Jon Voight em "Amargo Regresso" (1978), ambos premiados como atores principais, e Harold Russel, que realmente perdera as duas mãos em batalha, como coadjuvante em "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" (1946). Além de "Rain Man", apenas um papel de deficiente mental já levou o Oscar - o de Cliff Roberson, ator em "Os Dois Mundos de Charly" (1968).



Perfume de Mulher
      Entre as atrizes, uma feliz coincidência recaiu sobre a escolha de três personagens surdas. Como atrizes principais, ganharam Marlee Matlin (deficiente auditiva de verdade) em "Os Filhos do Silêncio" (1986), e a deficiente auditiva surda e muda de Jane Wyman em "Belinda" (1948). Como coadjuvante, venceu em 1962 a menina cega e surda que Patty Duke interpretou em "O Milagre de Anne Sullivan" - o mesmo filme deu o troféu principal para Anne Bancroft, que fazia a professora responsável pelo tratamento da jovem.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MÁQUINA DO TEMPO - BRIQUE DA REDENÇÃO

Meu maior sonho de consumo é uma máquina do tempo...

Por isso, quando acho algo desse tipo, fico realizado! eheheh!

Pra quem gosta do Brique da Redenção aos domingos, lá vai!





Em 1897... o Colégio Militar, em frente ao futuro brique...



Fotos by http://ronaldofotografia.blogspot.com/

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DILMA PROMETE EXPANDIR BOLSA-ATLETA


      A presidente Dilma Rousseff recebeu 85 dos 222 atletas que participaram do ‘Parapan-Americano’ de Guadalajara, no México. Em discurso, Dilma disse que as 198 medalhas e o primeiro lugar em desempenho conquistados pela delegação brasileira comprovam a necessidade de expandir o Bolsa-Atleta, benefício pago ao governo para incentivar a prática profissional do esporte.
      Dos 222 atletas que estiveram em Guadalajara, 73% recebiam o Bolsa-Alteta. Destes 162, 80% conquistaram medalhas. Isso demonstra que o investimento do país em vocês está para lá de bem atendido e de bem recompensando’, afirmou a presidente. Dilma cumprimentou, especialmente, o nadador André Dias, que conquistou 11 medalhas de ouro.
      A presidente lembrou o Viver Sem Limite-Plano Nacional dos Direitos das Pessoa com Deficiência, lançado na última quinta-feira, que prevê diversas ações nos eixos de saúde, educação, inclusão social e acessibilidade. Dilma afirmou que os para-atletas servem de inspiração para os mais de 43 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência.
      ‘Vocês provaram para o povo brasileiro que é possível que a pessoa com deficiência ultrapasse os limites e chegue a uma situação que engrandece o Brasil’, declarou.

Fonte: G1 (24/11/11)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - SUGESTÃO DE LIVRO

     
      Comecei a ler "Grande Sertão: Veredas" quando estava no segundo grau (sim, sou do tempo do segundo grau - risos), mas larguei de mão por achar muito difícil. E de fato, talvez fosse mesmo... Nem todo mundo consegue ler e entender um clássico aos 15 anos de idade. Mais tarde, na faculdade, tentei retomar, mas outra vez fui vencido pela falta de persistência. Porém, não desisti... No ano passado, quase vinte anos depois da primeira tentativa, acabei lendo e me deixando envolver pela epopéia sertaneja de João Guimarães Rosa.

      Grande Sertão: Veredas gira em torno da história de dois personagens, Riobaldo e Diadorim. Riobaldo, também conhecido como Tatarana ou Urutu-Branco, é o narrador-protagonista do livro. Diadorim é Reinaldo, amigo de infância de Riobaldo e filho de Joca Ramiro, chefe de um bando de jagunços.
      Riobaldo, morador às margens do Rio São Francisco, conta sua trajetória de vida com acentos e jeitos sertanejos – uma inusitada invenção de linguagem, a um interlocutor que nunca se pronuncia, a quem ele chama “Senhor” ou “Moço”.A narrativa não segue uma forma linear, mas podemos depreender dela muito da história de Riobaldo. Conta ele que depois da morte da mãe, uma mulher pobre que vive como agregada em uma grande fazenda no interior de minas, passou a morar com seu padrinho. Decepcionado, com esse que era provavelmente seu verdadeiro pai, foge de casa. Ex-jagunço de um bando dos "sertões das gerais"  Riobaldo é levado a se juntar ao movimento jagunço ao reencontrar um amigo de infância, Diadorim.
      Entretanto, segundo o próprio Riobaldo a série de aventuras que vive com o bando não lhe traz satisfação. A verdade é que com o passar do tempo passou a perceber que ama seu amigo Diadorim, e a impossibilidade de realização desse sentimento o deixa cada vez mais frustrado. O narrador gostaria de partir com seu companheiro, mas Diadorim se recusa a abandonar a jagunçagem até vingar seu pai Joca Ramiro, que foi traído e assassinado por Hermógenes, líder de um grupo rival.
      Riobaldo decide vingar a morte de Joca Ramiro, para ele uma questão de honra. Sentindo-se completamente encurralado Riobaldo resolve então fazer um pacto com o demônio, de modo que esse lhe permita matar Hermógenes e sair da situação em que se encontra. Em uma noite escura, o narrador vai, então, a uma encruzilhada. Chama o demônio pelo nome e, não recebe qualquer tipo de resposta. Não é possível afirmar com certeza se houve ou não o pacto. Essa tensão estende-se por toda a narrativa. Fato é que, depois dessa noite, o comportamento de Riobaldo se modifica radicalmente, chegando a se tornar o chefe do bando. Uma das grandes dúvidas de Riobaldo era justamente sobre a existência ou não do "Diabo", e se verdadeira a sua condição de pactuário.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

MISSÃO CUMPRIDA: O BALANÇO DO BI NO PARAPAN


      "Cumprimos a nossa missão em Guadalajara.” Assim o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, definiu a participação brasileira na quarta edição dos Jogos Parapan-Americanos. “Essa é a primeira vez que o Brasil vence uma competição multidesportiva fora do país. Isso é uma satisfação imensa. Das 13 modalidades, medalhamos em 12 e ganhamos ouros em nove delas”, destacou.
      Com 81 medalhas de ouro, 61 de prata e 55 de bronze, o país repetiu o primeiro lugar no quadro geral de medalhas conquistado no Rio de Janeiro, há quatro anos.
      Segundo o presidente do CPB, o país trouxe uma delegação menor para o México e estrategicamente algumas provas não foram abertas. “Mesmo assim, nossos resultados foram melhores do que a última edição do Parapan. O Movimento Paraolímpico Brasileiro está ainda mais forte do que em 2007", avaliou Parsons, ressaltando os recordes batidos por brasileiros em Guadalajara.
      “No masculino foram nove quebras de recordes americanos, 37 parapan-americanos e dois mundiais. No feminino foram três recordes americanos e 17 parapan-americanos. Um total de 68 recordes, contra 51 conquistados por brasileiros no Rio em 2007.”
      Além das medalhas, o Brasil ampliou o número de vagas nas próximas Paraolimpíadas. “Chegamos a 104 vagas garantidas pelo IPC (International Paralympic Committee) para Londres 2012. Após o Rio 2007, tínhamos 80. Hoje, temos 17 modalidades asseguradas”, afirmou o presidente do CPB.
      Segundo Parsons, “todos os jovens conquistaram a vaga por índice técnico e garantiram a medalha, o que prova que o trabalho vem sendo bem feito. Nós já temos mais qualificados que em Atenas (foram 98), isso sem contar a natação. Temos dez em atletismo e esperamos levar 20 atletas da natação. Rugby em cadeira de rodas, modalidade nova, que tem três anos, não irá a Londres, mas ainda brigamos para levar a esgrima e o tiro com arco.”
Andrew Parsons aproveitou o balanço da participação no México para traçar os novos desafios. “Em Pequim tivemos a quarta maior (delegação) dos jogos, com 188 atletas. Talvez em Londres ela seja menor, mas mais qualificada”, projetou.
      Em Guadalajara, quatro modalidades carimbaram a passagem rumo ao maior evento do paradesporto mundial: basquete em cadeira de rodas (feminino), goalball (masculino e feminino), tênis de mesa (10 vagas individuais) e vôlei sentado. O futebol de 5 já chegou ao México classificado.
      “Depois que fizemos o planejamento estratégico das 20 modalidades de Londres, e agora com canoagem e triatlon para 2016 (no Rio), pensamos em quatro objetivos: o primeiro lugar no Parapan aqui de Guadalajara (conquistado), o sétimo em Londres; o primeiro em Toronto (Parapan, em 2015) e o quinto no Rio, em 2016. Trabalhamos focados em resultados e renovação”, detalhou o presidente.
      Edilson Tubiba, diretor técnico do CPB e chefe de missão da delegação brasileira no México, informou que a aclimatação visando aos jogos de 2012 será feita em Manchester por atletas de 17 modalidades. “Menos o hipismo (que será na França) e a vela. Será a primeira vez que uma delegação inteira vai estar junta. Pensamos em tudo para Londres 2012. Desde a alimentação, já que teremos cozinha própria, à assinatura de TV brasileira. Os atletas ficarão bem à vontade em Londres”, previu Tubiba.
      Segundo Andrew Parsons, a operação em Guadalajara custou em torno de três a quatro milhões de reais. “Para Londres, pela lei Agnelo-Piva, o fundo deve ser em torno de seis a oito milhões de reais”, antecipou.
      Abaixo, a avaliação do presidente do CPB, Andrew Parsons, sobre o desempenho das modalidades que competiram em Guadalajara.

ATLETISMO      “Conquistamos 27 ouros aqui, contra 25 no Rio 2007. A competição deste ano foi muito mais dura, além de ser fora de casa, com Canadá, Estados Unidos e México em alto nível."

BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS      “No feminino, saímos do quarto lugar no Rio para a medalha de bronze em Guadalajara, além da vaga para Londres 2012. No masculino tivemos uma queda. Fomos bronze no Rio e aqui ficamos com o quint lugar. Isso mostra uma mudança na realidade do basquete nas Américas, e temos cinco anos para trabalhar uma equipe que possa brigar por medalha no Rio em 2016.”

BOCHA      “O segundo lugar, atrás do Canadá, foi um ótimo resultado, pois viemos com uma equipe renovada, com atletas jovens. Fábio Moraes ganhou o ouro na classe BC-4, e ainda tivemos mais dois bronzes, o que ilustra o ótimo trabalho da Associação Nacional de Desporto para Deficiente (ANDE).

CICLISMO      “A modalidade teve uma característica diferente em Guadalajara, pois teve uma junção de classes por coeficientes. Nosso desempenho mostrou que os bons resultados do ciclismo são uma realidade. Vamos para Londres com perspectivas de brigar pelo ouro.”

FUTEBOL DE 5 PARA CEGOS      “Atual campeão paraolímpico, mundial, e bicampeão aqui.”

GOALBALL      “Pela segunda vez na história vamos à Paraolimpíada com as duas equipes. A campanha foi sensacional e iremos brigar por ouro em Londres.”

HALTEROFILISMO      “A modalidade passa por renovação. Temos novos nomes despontando, como o Bruno Carra, que ganhou a prata. Estamos criando sete centros de treinamento pelo país, para difundir a modalidade.”

JUDÔ      “O Brasil ficou em segundo, com dois ouros e o mesmo número de pratas que a vencedora Cuba, com quatro medalhas. Inclusive o Tenório, tetracampeão paraolímpico. Não dá para esperar ouro sempre. Mas ele é um superatleta e não se brinca com um atleta desse nível.”

NATAÇÃO      “O Brasil sobrou nas piscinas. Tivemos 123 provas no Rio, e aqui foram 83. Ganhamos 38% das medalhas de ouro possíveis, com 33 medalhas em Guadalajara. O Brasil é um dos países mais fortes da natação. Daniel Dias é um fenômeno, com 11 ouros. André Brasil ganhou seis ouros, e poderia ser dez, pois quatro provas que disputa não foram realizadas aqui. Vanilton Filho foi medalhista de ouro com apenas 18 anos. Caio Oliveira, também ouro com 18 anos, Talisson Glock, ouro aos 16 anos, além de Joana Silva e Edênia ganhando várias medalhas. Esse panorama nos dá grandes perspectivas tanto para Londres 2012 quanto para o Rio 2016.”

TÊNIS DE MESA      “Fizemos barba, bigode e cabelo e no caso das meninas também as axilas. O Brasil ficou com 12 ouros, enquanto o segundo colocado, o México, ficou com apenas três. Foram 24 medalhas ao total.”

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS      “Carlos Jordan e Maurício Pomme vêm dividindo o protagonismo desde Atenas 2004, mas estamos trabalhando a Natalia Mayara, 2ª do ranking mundial, que não medalhou, para o Rio 2016. Essa será a sua grande chance. Por ser nova, tem 17 anos, apostamos nela como diamante a ser lapidado.”

TIRO COM ARCO      “Única modalidade que não medalhou, mas seria cobrar demais. Estamos tentando dar o máximo para qualificar a modalidade. Os atletas ainda estão na disputa por vaga em Londres, o que seria inédito. Eles ainda terão algumas outras competições para pontuar. Batemos na trave duas vezes aqui, quase conquistamos o bronze, mas perdemos para os americanos.”

VÔLEI SENTADO      “Bicampeão Parapan-americano, em cima dos Estados Unidos, e com vaga garantida para Londres 2012. O Brasil encontrou seu melhor vôlei, de altíssimo nível, o que nos leva a sonhar com uma excelente participação nas Paraolimpíadas.”

FONTE: Site do Comitê Paraolímpico

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ENSINANDO LÍNGUA PORTUGUESA A ALUNOS SURDOS

     

      Ensinar uma língua escrita para quem desconhece a oralidade é um desafio para todos os professores com alunos surdos em suas turmas. As principais dificuldades não decorrem da surdez em si, mas da falta de conhecimento da Língua Portuguesa falada. Hoje, boa parte desses estudantes comunica-se com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma língua visual-espacial, que possui estrutura própria.

      Para ajudá-lo a incluir os estudantes com deficiência auditiva, organizamos uma síntese das principais expectativas de aprendizagem para esses alunos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, quando matriculados em turmas regulares, com base nas principais orientações curriculares para o ensino de Língua Portuguesa para pessoas surdas, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

      É importante lembrar que, mesmo que não alcancem os mesmos resultados obtidos pelos alunos ouvintes, os estudantes com deficiência auditiva precisam participar de todas as aulas. Se o aluno surdo ainda não for capaz de escrever um texto, faça com que ele contribua para as atividades escrevendo listas ou frases sobre o tema abordado. Produções coletivas ou em pequenos grupos também ajudam o aluno a se expressar melhor pela escrita. O importante é que ele sempre conte com o apoio visual da escrita. O professor deve registrar todas as atividades e utilizar recursos diferenciados - como letras móveis ou cores diferentes para designar elementos distintos de uma frase, por exemplo. Fazer com que o aluno surdo sente-se nas carteiras da frente é outra medida essencial, assim como atuar em conjunto com o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Educação Infantil

      A maioria das crianças surdas nasce em famílias de ouvintes. Por isso, só aprende Libras quando entra na creche ou na pré-escola. Ao final desse período, espera-se que essas crianças consigam narrar histórias simples na língua de sinais. Utilizar cartazes com a representação de palavras em Libras e em Língua Portuguesa é uma ação que ajuda a por as crianças com deficiência auditiva em contato com a Língua Portuguesa escrita desde cedo - já que a apreensão desta língua é visual para o aluno surdo.

      As imagens também devem ser bem exploradas pelos educadores durante os momentos de leitura. É importante que os pequenos possam observar as ilustrações e compreendê-las como elementos complementares à narrativa. O mesmo vale para a elaboração de listas. O educador pode organizá-las com as imagens dos objetos e os nomes correspondentes escritos em português e em sinais. O uso de DVDs de histórias contadas em Libras por outras crianças ou de DVDs de brincadeiras com regras interpretadas em Libras associadas às imagens são recursos importantes no dia a dia da pré-escola.

      Embora todas as escolas regulares com alunos surdos matriculados tenham o direito de contar com um intérprete de Libras, é imprescindível que, desde muito pequena, a criança com deficiência auditiva seja orientada a olhar para o rosto do interlocutor. Assim, ela poderá observar expressões, gestos e sinais para, aos poucos, adquirir a capacidade de fazer a leitura orofacial, que será útil para as aprendizagens futuras e para a interação com os outros.

O erro mais comum

      Tentar "oralizar" a criança surda - mesmo as que possuem resquícios de audição. O ideal é que todos dominem Libras para então aprender uma segunda língua, que é a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita. A tentativa de oralização prejudica o desenvolvimento, pois impede que a criança aprenda tanto a Língua Portuguesa falada quanto a Libras.

Ensino Fundamental I

      Ao chegar ao 1º ano, espera-se que os alunos com deficiência auditiva que passaram pela Educação Infantil saibam comunicar-se em Libras e sejam capazes de escrever o próprio nome. Mas vale lembrar que essas crianças começam o Ensino Fundamental sem conhecimento da Língua Portuguesa falada e, por isso, não partem do mesmo princípio que os alunos ouvintes para aprender a ler e a escrever.

      A apropriação do sistema alfabético, nesses casos, se dá através da visão e, por isso, o planejamento de atividades intensas de leitura com interpretação em Libras e com a utilização de recursos visuais (como imagens e letras móveis) são ações fundamentais para que a criança seja alfabetizada em um contexto de letramento.

Orientações

      Ao contar histórias para o aluno com deficiência auditiva, faça com que ele observe detalhes da escrita e da ilustração. As palavras grafadas sempre devem estar associadas ao seu significado interpretado em Libras. Elabore atividades de escrita de listas e organize coleções com a turma. Crachás com os nomes de todos podem ser usados em sala, assim como desenhos relacionados a palavras - a memória visual, para a criança com deficiência auditiva é muito importante.

      O maior desafio para o aluno surdo é que ele compreenda a língua como prática social. O acesso a diferentes materiais escritos, portanto, é crucial para ampliar o conhecimento linguístico do aluno e fazer com que ele consiga produzir textos coerentes em Língua Portuguesa até o final do 5º ano.

Ensino Fundamental II

      A partir do 6º ano, espera-se que o aluno com deficiência auditiva seja capaz de escrever textos coerentes, mesmo que simples. Vale lembrar que coerência e coesão são qualidades distintas - a primeira refere-se à forma do texto, enquanto a segunda diz respeito aos aspectos semânticos. Devido às diferenças estruturais entre língua de sinais e língua oral, é comum que o aluno surdo tenha dificuldades para escrever textos coesos. Poucos conseguem fazer o uso correto de morfemas e as ligações entre palavras, orações e parágrafos. O mais importante é atentar para a coerência nas produções, mas isso não quer dizer que o educador não precise elaborar atividades regulares de leitura e de reestruturação de texto, para que o aluno aproprie-se cada vez mais da Língua Portuguesa escrita - considerada como segunda língua para os usuários de Libras.

Orientações

      Nesta etapa, é desejável que o estudante consiga interpretar e reconhecer textos de diferentes gêneros - biográficos, jornalísticos, científicos, crônicas, contos, poesia, relatos históricos etc. Ele vai precisar dominar o uso escrito da Língua Portuguesa para estruturar experiências e explicar a própria realidade. Organizar esquemas e estimular a produção escrita de notas e textos de opinião ajuda o aluno nesse processo. Atividades de leitura compartilhada em pequenos grupos; de leitura em Libras feita pelo intérprete ou pelo professor; e de leituras autônomas conferem mais segurança ao aluno.

      Antes de ingressar no Ensino Médio, respeitadas as limitações, o aluno surdo precisa ser capaz de refletir sobre os principais aspectos da Língua Portuguesa. Mas lembre-se: o tempo de aprendizagem da pessoa com deficiência auditiva é diferente do de alunos ouvintes. Invista nas situações de sistematização de conteúdos, apresente ao aluno o que será feito, amplie o tempo de realização das atividades e atue sempre em conjunto com o profissional da sala de recursos, responsável pelo AEE.

Fonte de pesquisa: Revista Nova Escola

sábado, 19 de novembro de 2011

OS GRANDES LÍDERES - GANDHI



      Mohandas Karamchand Gandhi, dito Mahatma, que em sânscrito significa "grande alma", foi um dos idealizadores e fundadores do moderno Estado indiano e um defensor do princípio da não-violência como um meio de protesto.
      Gandhi casou-se aos 14 anos com Kasturbai, da mesma idade, numa união acertada entre as famílias. O casal teve quatro filhos. Aos 19 anos foi estudar direito na Universidade de Londres, no
Reino Unido. Após se formar, passou a trabalhar como advogado em Durban, África do Sul (1893).
      Sua trajetória política começou marcada por um acidente em um trem. Gandhi viajava na primeira classe quando solicitaram que se transferisse para a terceira classe, por ele não ser branco. Ao recusar-se, foi jogado para fora do trem. O episódio fez com que ele começasse a advogar contra as leis discriminatórias vigentes.
      Gandhi foi preso em 6 de novembro de 1913, enquanto liderava uma marcha de mineiros indianos que trabalhavam na África do Sul.
Durante a Primeira Guerra Mundial, retornou à Índia e, após o seu término, envolveu-se com o Congresso Nacional Indiano e com o movimento pela independência.
      Ganhou notoriedade internacional pela sua política de desobediência civil e pelo uso do jejum como forma de protesto. Por esses motivos, sua prisão foi decretada diversas vezes pelas autoridades inglesas.


Gandhi e Chaplin


       Uma de suas mais eficientes ações foi a marcha do sal, que começou em 12 de março de 1930 e terminou em 5 de abril, quando Gandhi levou milhares de pessoas ao mar a fim de coletarem seu próprio sal, em vez de pagarem a taxa prevista sobre o sal comprado.
      Em 8 de maio de 1933, Gandhi começou um jejum que durou 21 dias em protesto à "opressão" britânica contra a Índia. Em Bombaim, no dia 3 de março de 1939, Gandhi jejuou novamente em protesto às regras autoritárias para a Índia.
      Durante a
Segunda Guerra Mundial, Gandhi deixou claro que não apoiaria a causa britânica. Foi preso em Bombaim pelas forças britânicas em 9 de agosto de 1942 e mantido em cárcere por dois anos.
      Gandhi posicionou-se contra qualquer plano que dividisse a Índia em dois Estados, o que acabou acontecendo, com um Estado denominado Índia, predominantemente hindu, e o
Paquistão, predominantemente muçulmano.
      No dia 20 de janeiro de 1948, após um jejum em protesto contra as violências cometidas por indianos e paquistaneses, Gandhi sofreu um atentado. Uma bomba foi lançada em sua direção, mas ninguém ficou ferido. Entretanto, no dia 30 de janeiro de 1948, ele foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por um hindu radical.
      O corpo do Mahatma foi cremado e suas cinzas jogadas no rio Ganges.



"Toda noite quando durmo, morro. E todo dia quando acordo, renasço."

"Tenha sempre bons pensamentos
porque os seus pensamentos se transformam em suas palavras
Tenha boas palavras
porque as suas palavras se transformam em suas ações
Tenha boas ações
porque as suas ações se transformam em seus hábitos.
Tenha bons hábitos
porque os seus hábitos se transformam em seus valores
Tenha bons valores
porque os seu valores se transformam no seu próprio destino."

"Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia"


Mahatma Ghandi

SÍNDROME DE RETT NA ESCOLA

      A Síndrome de Rett é uma doença neurológica provocada por uma mutação genética que atinge, na maioria dos casos, crianças do sexo feminino. Caracteriza-se pela perda progressiva de funções neurológicas e motoras após meses de desenvolvimento aparentemente normal - em geral, até os 18 meses de vida. Após esse período, as habilidades de fala, capacidade de andar e o controle do uso das mãos começam a regredir, sendo substituídos por movimentos estereotipados, involuntários ou repetitivos. Palavras aprendidas também são esquecidas, levando a uma crescente interrupção do contato social. A comunicação para essas meninas gradativamente se dá apenas pelo olhar.

      É comum que a criança com Síndrome de Rett fique "molinha" e apresente desaceleração do crescimento. Distúrbios respiratórios e do sono também são comuns, especialmente entre os 2 e os 4 anos de idade. A partir dos 10 anos, o aparecimento de escolioses e de rigidez muscular fazem com que muitas crianças percam totalmente a mobilidade. Isso, associado a quadros mais ou menos graves de deficiência intelectual.

      A Síndrome de Rett é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e uma das principais causas de deficiência múltipla em meninas.

Como lidar com essas crianças na escola?

      É preciso criar estratégias para que as meninas com Síndrome de Rett possam aprender. O principal é estabelecer sistemas de comunicação que ajudem a criança - como placas com desenhos e palavras, para que ela possa indicar o que deseja.

      A escola deve ser um espaço acessível, já que muitas crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos para caminhar.

      Respeite o tempo de aprendizagem de cada criança e conte com a ajuda do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e procure apresentar os conteúdos de maneira bem visual, para facilitar a compreensão.

Fonte de pesquisa: Revista Nova Escola

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CAMPANHA POLEMIZA COM BEIJO ENTRE POLÍTICOS E RELIGIOSOS

     



      Campanha lançada pela United Colors of Benetton nesta quarta-feira (16/11) simula em fotomontagens cenas de beijos em que líderes políticos e religiosos trocam amistosos beijos na boca. Barack Obama e o líder chinês Hu Jintao; o Papa Bento XVI e Ahmed Mohamed el-Tayeb, imã da mesquita de AL-Azhar no Cairo, estão entre os protagonistas das cenas simuladas.

      As imagens da campanha foram divulgadas também em outdoors. Segundo a Benetton, não está prevista a veiculação da campanha no Brasil.

      O objetivo da campanha "Unhate", diz a empresa, é se opor à "cultura do ódio". Confira algumas imagens logo abaixo.

      A fotomontagem, que faz parte da nova campanha "United Colors of Benetton" chamada "UNHATE" ("não ódio"), foi apresentada nesta quarta por Alessandro Benetton, vice-presidente do Benetton Group, em Paris.
     
      Papa Bento XVI aparentemente beijando o Imã do Cairo na boca em uma fotomontagem.
     
       Beijo simulado em fotomontagem entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e da Venezuela, Hugo Chávez. Campanha, chamada "UNHATE" ("não ódio") foi apresentada por Alessandro Benetton, vice-presidente do grupo, em Paris

     
      Campanha mostra, em fotomontagem, beijo entre a chanceler alemã, Angela Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Segundo a Benetton, não está prevista a veiculação da campanha no Brasil.

       A campanha publicitária 'contra o ódio', promovida pela marca de roupas, começou em outdoors em Milão e em Roma -um deles, bem próximo do Vaticano. A foto chamou a atenção de turistas, que pararam para fotografar.
     O grupo italiano Benetton anunciou nesta quarta-feira a decisão de retirar de circulação uma campanha publicitária mostrando o Papa beijando na boca um imã no Cairo, dizendo-se "desolado com o fato de a utilização da imagem ter chocado tanto a sensibilidade dos fiéis". "Lembramos que o sentido desta campanha é exclusivamente combater a cultura do ódio sob todas as formas", comentou, em comunicado, um porta-voz do grupo sobre as fotomontagens.

      O Vaticano se manifestou sobre a campanha como se tratando de "uma falta de respeito grave ao Papa", em comunicado emitido pelo porta-voz, padre Federico Lombardi. O Vaticano protesta "contra a utilização inaceitável da imagem do Santo Padre, manipulada e instrumentalizada, como parte de uma campanha publicitária com finalidades comerciais". "Trata-se de uma falta de respeito, assim como ofensa aos sentimentos dos fiéis, e uma demonstração evidente da maneira pela qual se pode violar, na publicidade, as regras elementares da consideração a pessoas para atrair a atenção através de uma provocação", acrescentou o Vaticano.

      A nova campanha "United Colors of Benetton" chamada "Unhate" ("não ódio"), foi apresentada, oficialmente, no início da tarde desta quarta-feira, por Alessandro Benetton, vice-presidente do Benetton Group, em Paris. Ela também traz montagens envolvendo os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, da China, Hu Jintao, da Venezuela, Hugo Chávez, da França, Nicolas Sarkozy, entrou outras personalidades.

     O grupo Benetton e seu fotógrafo Oliviero Toscani tornaram-se célebres por suas fotos provocadoras nos anos 1990, entre elas a de uma irmã de caridade sedutora, que se apresenta vestida num hábito branco beijando um jovem padre de batina preta.
Fonte: Terra






quinta-feira, 17 de novembro de 2011

GUADALAJARA, EXEMPLO DE CIDADE ADAPTADA

     
      Bastam apenas alguns minutos de caminhada pelas ruas de Guadalajara, no México, para entender como as cidades brasileiras estão atrasadas na questão da acessibilidade para deficientes físicos. É praticamente impossível encontrar uma esquina sem rampas destinadas a cadeirantes, todo o transporte público foi adaptado para atender pessoas com dificuldades de locomoção, e mensagens em braile podem ser lidas nos centros de informações turísticas. Desde que, há seis anos, a cidade foi escolhida para sediar os Jogos Parapan-americanos, as autoridades trataram de promover uma profunda transformação do espaço público. Estima-se que mais de US$ 50 milhões tenham sido destinados para tornar Guadalajara mais acessível – e esse esforço é visível em prédios, parques e praças. “Nosso objetivo foi deixar um legado para as próximas gerações”, disse Diego Monraz Villasenor, secretário de Transportes da cidade. É nesse ambiente amigável para todo tipo de público que começaram no sábado 12 os Jogos Parapan-americanos – e com promessa de show dos competidores brasileiros.

FONTE: Deficiente Ciente

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

BRASIL LIDERA O QUADRO DE MEDALHAS NO PARAPAN-GUADALAJARA

     
      A  terça-feira foi dourada para o Brasil em Guadalajara. Com desempenho espetacular, o país conquistou 50 medalhas no terceiro dia de competições do Parapan-Americano (22 ouros, 15 pratas e 13 bronzes) e assumiu o primeiro lugar no quadro geral com 80 medalhas (32 ouros, 24 pratas e 24 bronzes), quase o dobro do total dos Estados Unidos, que estão em segundo com 45 (18, 17, 10).

      A ascensão é fruto do show dos brasileiros no atletismo, na natação e no tênis de mesa, que viveu um dia histórico em Guadalajara. Depois de várias finais consecutivas no torneio individual dos Jogos Parapan-Americanos, os atletas da Seleção saíram do Ginásio CODE II com um total de 18 medalhas, sendo nove de ouro, quatro de prata e cinco de bronze, e a liderança folgada na modalidade. O México está em segundo, com sete medalhas no total, sendo apenas uma de ouro.

      Além do título, os mesa-tenistas Iranildo Espíndola, Ezequeil Babes, Claudiomiro Segatto, Carlo Di Franco Michel, Jane Rodrigues, Joyce Oliveira, Carlos Carbinatti, Lucas Martins e Iliane Faust garantiram classificação à Paraolimpíada de Londres-2012.

      A primeira final do tênis de mesa aconteceu às 12h15, na Classe 4, e o Brasil já havia assegurado o ouro no dia anterior, pois a disputa foi entre Ivanildo Freitas e Ezequiel Babes, que acabou conquistando o título.  No mesmo horário, em outra mesa, Claudiomiro Segatto, o Rei das Américas, conquistou seu terceiro título seguido na competição na Classe 5 com uma vitória sobre o americano André Scott.

      A mesma sorte não teve Paulo Salmin, da Classe 8, que perdeu para o canadense Ian Kent e teve que se contentar com a prata. Apesar da derrota, o atleta comemorou a vaga para Londres, em 2012, porque seu adversário não atende aos critérios estabelecidos pela Federação Internacional de Tênis de Mesa, que exige um número mínimo de participações em eventos durante a temporada.

      Na decisão da Classe 6,  Carlo Di Franco Michel, o Carluxo, derrotou o mexicano Victor Reyes com certa facilidade e comemorou sua sétima medalha de ouro na história da competição.

      No feminino, Jane Rodrigues, campeã do Parapan do Rio, em 2007, conquistou mais uma medalha de ouro contra a canadense Stephanie Chan. Joyce Oliveira, na Classe 4, depois de vencer todas as adversárias de sua categoria, apenas cumpriu tabela e confirmou o ouro com mais um bom resultado contra a americana Jennifer Johnson. Com três vitórias em três jogos, a brasileira não poderia mais ser alcançada por nenhuma adversária.

      Na Classe 11, Iliane Faust comemorou o ouro depois de superar a venezuelana Zulay Colmenares. Na mesma categoria no masculino, Lucas Martins levou a melhor sobre todos os adversários e conquistou o ouro invicto.

      No Centro Aquático, a natação conquistou 16 medalhas, seis delas de ouro, cinco de prata e cinco de bronze (veja texto enviado). Em 19 provas no atletismo, o Brasil conquistou sete ouros, seis pratas e dois bronzes, num total de 15 medalhas (texto enviado à parte). Abaixo, os demais resultados do país no terceiro dia de provas do Parapan.

CICLISMO
      O brasileiro Soelito Gohr ganhou sua segunda medalha no Parapan ao conquistar o bronze na categoria 1.000m contra relógio com o tempo de 1m09s78. O catarinense já havia ganhado uma medalha de ouro no primeiro dia dos Jogos.

BOCHA
      Os semifinalistas da Bocha no Parapan foram definidos nesta terça-    feira e o Brasil terá um competidor em cada uma das classes a serem decididas nesta quarta-feira, a partir das 10h30 (14h30 de Brasília). José Carlos (BC1), Luiza Lisboa (BC2), Clodoaldo Massardi (BC3) e Fábio Moraes (BC4) são os brasileiros que buscarão uma vaga na decisão.

FUTEBOL DE 5
       Com uma grande atuação da dupla Ricardinho/Jefinho , a Seleção Brasileira de futebol de 5 iniciou a campanha pelo bicampeonato goleando o Uruguai por 5 a 1. A vitória deixou o Brasil na liderança do torneio, e Jefinho na ponta da tabela de artilheiros com três gols.

GOALBALL
      Com sete gols de Romário, o Brasil conquistou uma vitória importante no goalball ao bater o Canadá, que já está garantido nas Paraolimpíadas de Londres, por 12 a 6. Foi o terceiro triunfo seguido na competição. Caso vença a Argentina nesta quarta-feira, às 16h (20h de Brasília) o Brasil garante o primeiro lugar da fase de classificação.

VÔLEI SENTADO

      O Brasil recuperou-se da derrota para o Estados Unidos na estreia do vôlei sentado com duas vitórias por 3 a 0, sobre Colômbia e Costa Rica. Com os triunfos, o Brasil chegou a 5 pontos e à segunda colocação na tabela, à frente de Canadá, Colômbia e México nos critérios de desempate.
BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS

      A Seleção Brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas deu mais um show nas quadras de Guadalajara. Depois de vencer El Salvador por mais de 80 pontos na véspera, as meninas do Brasil bateram a Argentina por 79 a 7 (44 a 5). Também contra a Argentina, o masculino não teve o mesmo desempenho da vitória na estreia e foi derrotado por 68 a 44 (36 a 15).
TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

      A dupla masculina do Brasil, formada por Maurício Pomme e Carlos Alberto dos Santos, venceu os equatorianos Cabrera e Merizalde por 2 sets a 0, parciais de 6/3 e 6/0, e avançou à semifinal, a ser disputada às 16h (20h) desta quarta-feira, contra os argentinos Fernandez e Ledesma. A dupla feminina formada por Natália e Rejane estreia nesta quarta-feira já na etapa semifinal.
TIRO COM ARCO

      A abertura do tiro com arco nos Jogos Parapan-Americanos contou com provas classificatórias e, dos três vencedores do dia, dois foram brasileiros: Luciano Rezende (masculino recurvo) e Patrícia Layolee (feminino recurvo). Os brasileiros voltam a competir nesta quarta-feira, a partir das 10h (14h de Brasília).

PARALISIA CEREBRAL NA ESCOLA

      A paralisia cerebral é uma lesão cerebral que acontece, em geral, quando falta oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, no parto ou até dois anos após o nascimento - neste caso, pode ser provocada por traumatismos, envenenamentos ou doenças graves, como sarampo ou meningite.

      Dependendo do local do cérebro onde ocorre a lesão e do número de células atingidas, a paralisia danifica o funcionamento de diferentes partes do corpo. A principal característica é a espasticidade, um desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão e inclui dificuldades de força e equilíbrio. Em outras palavras, a lesão provoca alterações no tônus muscular e o comprometimento da coordenação motora. Em alguns casos, há também problemas na fala, na visão e na audição.

      Ter uma lesão cerebral não significa, necessariamente, ser acometido de danos intelectuais, mas em 75% dos casos as crianças com paralisia cerebral acabam sofrendo comprometimentos cognitivos.

Como lidar com a paralisia cerebral na escola?

      Para dar conta das restrições motoras da criança com paralisia cerebral, vale adaptar os espaços da escola para permitir o acesso de uma cadeira de rodas, por exemplo. Na sala de aula use canetas e lápis mais grossos, envoltos em espuma e presos com elástico para facilitar o controle do aluno. Os papeis são fixados em pranchetas para dar firmeza e as folhas avulsas, nesse caso, são mais recomendáveis que os cadernos. O professor deve escrever com letras grandes e pedir para que o aluno com paralisia cerebral sente-se na frente, se possível, com uma carteira inclinada, que dá mobilidade e facilita a escrita.

      Se o aluno apresentar problemas na fala e na audição, providencie uma prancha de comunicação, para que ele se expresse pela escrita. Caso isso não seja possível, o professor pode preparar cartões com desenhos ou fotos de pessoas e objetos significativos para o aluno, como os pais, os colegas, o professor, o time de futebol, diferentes comidas, o abecedário e palavras-chave, como "sim", "não", "sede", "banheiro", "entrar", "sair" etc. Assim, para indicar o que quer ou o que sente, o aluno aponta para as figuras.

      Em alguns casos, a criança com paralisia cerebral também precisa de um cuidador que a ajude a ir ao banheiro ou a tomar o lanche. Mas, vale lembrar, que todos devem estimular a autonomia da criança, respeitando suas dificuldades e explorando seus potenciais.

Fonte de pesquisa: Revista Nova Escola

terça-feira, 15 de novembro de 2011

INFANTICÍDIO INDÍGENA MISTURA LEIS, VALORES CULTURAIS E SAÚDE PÚBLICA


     
      O infanticídio entre indígenas é um tema que já gerou documentários, projetos de leis e muita polêmica em torno de saúde pública, cultura, religião e legislação. Ainda utilizado por volta de 20 etnias entre as mais de 200 do Brasil, esse princípio tribal leva à morte não apenas gêmeos, mas também filhos de mães solteiras, crianças com problema mental ou físico, ou doença não identificada pela tribo.

      A quantidade de índios mortos por infanticídio no país é uma incógnita. Nos dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) sobre mortalidade infantil indígena, esse número aparece somado a óbitos causados por "lesões, envenenamento e outras consequências de causas externas". Esse grupo responde por 0,4% do total das mortes de menores de um ano de idade, segundo os últimos dados disponíveis da Funasa, de 2006.

      Tramitando no Congresso, a Lei Muwaji (em homenagem à índia que enfrentou a tribo para salvar sua filha com paralisia cerebral) estabelece que "qualquer pessoa" que saiba de casos de uma criança em situação de risco e não informe às autoridades responderá por crime de omissão de socorro. A pena vai de um a seis meses de detenção ou multa.




      Esse projeto se inspirou no caso da indígena Muwaji Suruwahá que lutou pela sobrevivência de sua filha Iganani, que tem paralisia cerebral - por isso, estava condenada à morte por envenenamento em sua própria comunidade. O caso alcançou repercussão nacional em outubro de 2005.
                                     
                                                                                 Índia Muwaji

      A proposta é polêmica entre índios e não índios. Há quem argumente que o infanticídio é parte da cultura indígena. Outros afirmam que o direito à vida, previsto no artigo 5º da Constituição, está acima de qualquer questão.

      O antropólogo Mércio Pereira Gomes, que foi presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) nos quatro primeiros anos do governo Lula, admitiu que sofreu "um dilema muito grande" no órgão diante da questão do infanticídio. Como cidadão, é contrário à prática, mas como antropólogo e presidente do órgão, discorda de uma política intervencionista - segundo ele, há de cinco a dez mortes por infanticídio no Brasil por ano.

      Em 2004, o governo brasileiro promulgou, por meio de decreto presidencial, a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que determina que os povos indígenas e tribais "deverão ter o direito de conservar seus costumes e instituições próprias, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema jurídico nacional nem com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos".

      Antes disso, em 1990, o Brasil já havia promulgado a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, que reconhece "que toda criança tem o direito inerente à vida" e que os signatários devem adotar "todas as medidas eficazes e adequadas" para abolir práticas prejudiciais à saúde da criança.

      O infanticídio voltou a criar polêmica com o lançamento do filme "Hakani", dirigido David Cunningham, filho do fundador de uma organização missionária norte-americana. A ONG Survival International, sediada em Londres, divulgou no começo do ano uma nota em que acusa os autores do controverso filme de incitar o ódio racial contra os índios brasileiros. A produção mostra cena protagonizada por supostos sobreviventes e parentes encenando pais enterrando viva uma criança deficiente.

      Outra ONG que atua na área é a Atini, sediada em Brasília, atua na defesa do direito das crianças indígenas. Formada por líderes indígenas, antropólogos, lingüistas, advogados, religiosos, políticos e educadores, a organização trabalha para erradicar o infanticídio nas comunidades indígenas, promovendo a conscientização.

Fonte: UOL Notícias