quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

LESÃO MEDULAR - PARTE 2



TERMINOLOGIA DAS LESÕES MEDULARES:

      Segundo Stokes (2000), os termos utilizados para descrever os pacientes lesionados, baseiam-se no nível geral da coluna vertebral e da perda da função. São eles: Paraplegia e Tetraplegia.
 


PARAPLEGIA:

      Refere-se à deficiência ou perda da função motora e/ou sensorial nos segmentos torácico, lombar ou sacral (exceto o segmento cervical) da medula espinhal, decorrente de lesão dos elementos neurais internos do canal medular. A função dos membros superiores é preservada, mas o tronco, os membros inferiores e os órgãos pélvicos podem ficar comprometidos. O termo paraplegia também é empregado para as lesões da cauda eqüina e do cone medular, porém não deve ser usado para lesões do plexo lombosacro ou de nervos periféricos fora do canal medular (GREVE et al 2001).


TETRAPLEGIA:


      Antigamente era conhecida como quadriplegia, mas este termo vem sendo substituída. Tetraplegia é o termo usado para lesão da medula espinhal que causa perda ou disfunção sensitiva e motora nos segmentos cervicais (elementos neurais internos do canal medular). Ela promove diminuição da função motora e sensitiva dos membros superiores, membros inferiores e órgãos pélvicos.


      Tetraplegia não pode ser usado como termo para descrever lesões do plexo braquial ou de nervos periféricos fora do canal medular:
 

TETRAPARESIA E PARAPARESIA:

      São termos que foram muito usados para descrever lesões incompletas, mas seu uso não é incentivado atualmente, por sua extrema imprecisão.(GREVE, 2001 e STOKES, 2000).


LESÕES DA MEDULA ESPINHAL POR ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO:      As lesões medulares causadas por acidentes automobilísticos podem acontecer em duas situações distintas: acidentes com indivíduos que faziam uso cinto de segurança no momento da colisão e; àqueles que não faziam uso deste mecanismo de segurança.
 

O USO DO CINTO DE SEGURANÇA:

      Desde o ano de 1994, quando foram instituídas as primeiras regulamentações estabelecendo sua obrigatoriedade, até a presente data, muitas vidas humanas foram salvas no trânsito graças ao uso do cinto. Além de evitar a mortalidade, a utilização deste equipamento pode evitar diversos tipos de lesões, que atingem tanto o motorista como os passageiros do veículo, quer estejam no banco dianteiro ou traseiro. Os ocupantes do automotor estão sujeitos a danos oculares, respiratórios, bucal, facial, dentre outros. Ademais é possível que o acidentado venha a sofrer lesões na coluna, podendo levá-lo à atrofia na estrutura motora, por conta de achatamento das vértebras (Segurança no Trânsito, 2002).

      Porém, existem situações em que o uso do cinto é considerado o fator responsável por lesões, embora autoridades insistam em afirmar que isso é resultado da dimensão do impacto e que se não fosse utilizado, a gravidade da lesão seria maior (DETRAN – PR, 2002).

      O impacto da colisão é resultado da primeira Lei de Newton – Lei da Inércia, que afirma que: “um corpo permanecerá em repouso ou movimento retilíneo uniforme com velocidade constante, se sobre ele não atuar nenhuma força externa.
      A tendência de permanecer em movimento ou repouso é denominada de inércia” (ENCICLOPÉDIA MELHORAMENTOS, 1995). Como o automóvel está em movimento quando ocorre a colisão, segundo a Lei, o(s) corpo(s) do(s) indivíduo(s) dentro do automóvel continuará(ão) em movimento, até que seja bruscamente interrompido pelo cinto de segurança. Com a interrupção, o(s) indivíduo(s) podem chocar-se severamente contra o encosto para cabeça, obrigatório em todos os veículos, levando assim, a uma lesão da coluna cervical.
 

MECANISMOS DA LESÃO:     Diversos são os mecanismos, que freqüentemente combinados produzem lesões da medula espinhal. A esta lesão ocorre com mais freqüência a partir de forças indiretas produzidas pelos movimentos da cabeça e tronco, e com menor freqüência por lesão direta a uma vértebra. Os mecanismos comuns que operam na LME são: flexão, compressão, hiperextensão e flexão-rotação. Estas forças resultam numa fratura e/ou luxação. A intensidade e combinação de forças impostas têm influencias diretas no tipo e localização das fraturas, quantidade de deslocamento e extensão das lesões aos tecidos moles. A coluna vertebral demonstra graus.
      Algumas áreas são inerentemente mais vulneráveis, devido a sua elevada mobilidade e relativa falta de estabilidade, comparativamente a outros segmentos da coluna. As regiões da coluna vertebral que demonstram a mais elevada freqüência de lesões estão situadas entre C5 e C7, na região cervical e entre T12 e L2 na região tóraco-lombar (SULLIVAN, 1993).

      Segundo Kottke & Lehmann (2001), a fratura luxação da coluna cervical é uma conseqüência da flexão súbita e violenta ou, menos freqüente, da extensão e rotação ou forças horizontais. A fratura luxação vertebral pode resultar de um golpe direto ou de lesões por aceleração. Os acidentes com veículos motorizados constituem a principal causa de traumatismo na coluna cervical, com os acidentes de mergulho sendo a principal causa nas lesões esportivas.

      Nos casos em que o exame radiológico não mostra nenhuma fratura ou luxação, mas há uma lesão medular substancial, essas lesões ocorrem por hiperextensão da coluna cervical em pessoas com espondilose. A medula espinhal, já comprometida por um estreito canal, é comprimida por um estreitamento adicional, causado pela hiperextensão da coluna cervical. Além disso, Hughes assinala, que pode ocorrer obstrução da artéria vertebral sem evidência radiológica de fratura, produzindo uma região central de isquemia ou infarto da medula cervical.
      No caso de uma fratura luxação com dano a toda a espessura da medula, perde-se toda a função abaixo da lesão. Assim, há uma perda sensitiva e motora total na área do corpo do local da lesão para baixo.

      Após a lesão, as alterações vasculares e biológicas levam a um completo infarto e necrose do segmento lesado. O mecanismo de redução do fluxo sangüíneo na medula espinhal após o trauma não é bem compreendido. De acordo com Tator, pode ser um efeito mecânico direto sobre os vasos sangüíneos ou pode haver uma explicação biomecânica. No momento da lesão não ocorre somente uma lesão direta dos axônios e vasos sangüíneos, mas ocorre também uma cadeira secundária de eventos, resultando em hipóxia, edema e infarto. Osterholm & cols., são de opinião que a liberação de norepinefrina no local da lesão causa intensa vaso contrição, levando a isquemia e necrose hemorrágica da medula.
SIGNIFICADO FUNCIONAL DO NÍVEL DA LESÃO MEDULAR:

      Embora possam ser mencionadas princípios gerais para o tratamento da lesão da medula, o programa específico para um paciente precisa ser modificado de acordo com o nível da lesão. Quanto mais baixo for o nível da lesão, maior a quantidade de força muscular disponível para o paciente na reabilitação. O conhecimento dos níveis críticos torna possível a predição da função final na ausência de complicações no indivíduo com lesão medular bem treinado e motivado.

Quarto Nível Cervical:

      Pacientes tetraplégicos nos quais o quarto segmento cervical está poupado tem bom uso dos esterno-mastóideos e trapézios e músculos paravertebrais cervicais superiores. Eles são incapazes de função voluntária nos membros superiores, tronco ou membros inferiores. Os membros superiores completamente paralisados podem ser apoiados em órteses de antebraços equilibrados.

Quinto Nível Cervical:

      Paciente com quinto segmento cervical funcional pode usar os músculos deltóide e bíceps para realizar as atividades da vida diária. A fraqueza parcial do deltóide e do bíceps pode fazer com que o uso de uma órtese de antebraço equilibrada para apoio do cotovelo e ombro, especialmente nos estágios iniciais do programa de reabilitação.

      Paciente tetraplégico cuja lesão está abaixo do quinto segmento cervical podem se alimentar, realizar algumas atividades de toucador, ajudar a vestir o membro superior, ajudar a colocar a órtese, empurrar suas cadeiras de rodas por pequenas distâncias.

      Pacientes com lesão dos quarto e quintos segmentos cervicais necessitam de ajuda para erguerem-se e ficarem em pé.

Sexto Nível Cervical:

      O paciente com lesão abaixo desse nível pode realizar todas as atividades do paciente com lesão mais alta e ainda é capaz de cooperar mais no vestir. A partir desse nível, os indivíduos devem ser capazes de dirigir um automóvel com controles manuais e equipamento adaptativos adicional.


Sétimo Nível Cervical:

      Os prinicipais acréscimos funcionais são ous do tríceps e dos flexores e extensores extríncisecos. Este paciente é capaz de transferir-se do leito para a cadeira e ainda pegar e soltar e objetos com a mão sem o uso de splints.



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