segunda-feira, 9 de abril de 2012

OS CÉREBROS DE MICHELANGELO




      Um time de pesquisadores americanos acredita ter descoberto mais um traço da genialidade do artista renascentista italiano Michelangelo Buonarroti (1475-1564). Em um artigo publicado na última edição da revista científica “Neurosurgery”, médicos do Johns Hopkins University School of Medicine, nos Estados Unidos, sugerem que Michelangelo reproduziu uma das regiões do cérebro em um dos painéis que pintou no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Ela estaria representada no pescoço de Deus no painel “Separação da Luz da Escuridão”, um dos componentes da série de nove cenas do livro do Gênesis.
      A área que os cientistas dizem estar desenhada é a chamada Brainstem, envolvida principalmente no processamento de informações sensoriais e motoras. No artigo recém-publicado, os pesquisadores afirmam que Michelangelo escolheu o pescoço de Deus ali pintado para marcar os locais onde estão dispostas estruturas como o cerebelo, um dos responsáveis pelo processamento do equilíbrio, e da ponte, associada ao controle de funções vitais como a respiração.

      Não é a primeira vez que estudiosos da obra de Michelangelo afirmam ter visto a representação do cérebro no afresco da Capela Sistina. Dez anos atrás, num artigo divulgado no “Journal of Medical Association”, o médico Frank Lynn Meshberger relatou o que considerou ser uma interpretação do órgão registrado na “Criação de Adão”, o famoso painel no qual Deus toca o dedo de Adão.
      A avaliação dos pesquisadores é a de que o artista desejava, com a sua pintura, representar o que acreditava ser uma mostra da genialidade divina. “Ele era bastante religioso”, disse à ISTOÉ o médico Rafael Tamargo, autor principal do trabalho recém-publicado. “Desenhar o cérebro pode ter sido a forma que encontrou para celebrar não só a glória de Deus, mas também a sua mais magnífica criação”, afirmou. Na opinião do neurologista, Michelangelo sabia que o cérebro era uma parte muito importante do corpo humano. “Por isso mesmo, resolveu incluí-lo na criação do universo porque entendia que o órgão havia sido uma das coisas mais brilhantes criadas por Deus.”
      O pesquisador também lembrou que Michelangelo era estudioso da anatomia humana. “É inquestionável que ele fazia dissecações de cadáveres e que tinha uma intensa fascinação pela anatomia do homem”, disse. Especialistas em história da arte, porém, acreditam que a tese de Tamargo e seus colegas não tem fundamento e que tudo não passaria de uma semelhança de imagens. Apenas isso.



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