segunda-feira, 14 de maio de 2012

FALANDO DE INCLUSÃO EM ESCOLAS


Bruna, Equipe da Escola Moradas da Hípica e Equipe da Kinder

      A inclusão de alunos com deficiência em escolas assusta os professores.  Não deveria, mas assusta... De um lado, uma Lei que determina que todas as crianças devam ter as mesmas oportunidades e experiências em salas de aula... De outro, o argumento dos educadores de que não estão preparados para lidar com crianças com deficiência.
      Muito tem que ser investido em educação – e nesse caso, em educação inclusiva -, sem sombra de dúvida. Equipar escolas com tecnologia assistiva, tornar as salas de aula e os pátios acessíveis e proporcionar formação a educadores faz parte de um projeto audacioso, mas necessário.
      Porém, o que um professor precisa saber para receber uma criança com deficiência na sua sala de aula? É necessário tornar-se um especialista para conseguir trabalhar com um aluno que possua necessidades educacionais específicas?  
      Tão importante quanto conhecer o diagnóstico do seu aluno com deficiência, é preciso que o professor  saiba um pouco da história dessa criança, dos seus potenciais e das suas experiências pregressas. Uma boa “rede” pode ajudar o educador a obter as informações sobre o mundo do seu aluno e sobre as suas reais necessidades. Por isso, entrar em contato com a equipe que trabalha com essa criança (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, médico, etc) sempre é uma boa iniciativa.
      Não raro, quando um terapeuta é contatado pelos professores de uma criança com deficiência, recebe dúvidas pertinentes, mas não muito complexas, o que demonstra a real falta de conhecimento do educador em relação ao seu aluno. 
      “Como posso ajudá-lo?”, “não vou machucá-lo se for retirá-lo da cadeira de rodas?”, “como ele pode brincar no chão com as outras crianças se não caminha e não sabe se defender?”.
      Crianças com deficiência precisam sim de ajuda, e essa ajuda deverá ser inversamente proporcional a sua capacidade funcional. Ou seja, quanto mais capacidade a criança tiver de realizar as tarefas da sua rotina escolar, menos ajuda deverá receber de colegas e professores.
      Salvo em casos onde existam implicações clínicas desfavoráveis ou recomendações específicas sobre o quadro da criança (como algumas patologias que colocam a estrutura física da criança em risco se não bem monitoradas), um aluno com deficiência deve ser exposto às mesmas experiências de um aluno sem deficiência.  Uma criança com osteogênese imperfeita (doença conhecida popularmente como “ossos de vidro”) terá grande probabilidade de fazer fraturas se sofrer uma queda, o que não acontece com uma criança com diplegia espástica por exemplo. Nesse caso, ambas as crianças possuem deficiências, mas a primeira exige um cuidado bem mais específico e justificável se comparado com a segunda.
      Porém, expor um aluno com deficiência às mesmas experiências do que um aluno sem deficiência muitas vezes solicita que o educador use a sua criatividade e o conhecimento obtido através da “rede” (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, etc), para que adaptações sejam planejadas e utilizadas.  
      Um aluno com paralisia cerebral do tipo quadriplegia espástica (onde pernas e braços encontram-se comprometidos, bem como o controle de tronco) pode brincar num escorregador ou numa gangorra de uma pracinha que não seja adaptada? Ou ele deve contentar-se a explorar o mundo apenas com os olhos, do alto da sua cadeira de rodas?
      No próximo post, vou contar uma história muito pertinente de como boa vontade e interesse por parte dos educadores pode facilitar e muito a inclusão de alunos com deficiência na sala de aula.

Cristiano Refosco

2 comentários:

  1. Colocar a pessoa à frente da deficiência é um bom começo... O grande problema das barreiras atitudinais é que as pessoas veem primeiro a deficiência, pra depois verem a pessoa que a possui.

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    1. Concordo, Bruna... Por isso da modificação do termo "deficiente" para "pessoa com deficiência"...

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