quarta-feira, 10 de setembro de 2014

JACK, O ESTRIPADOR - PARTE 4


A investigação

      A ciência forense ainda engatinhava na época. Entre as limitações mais óbvias estavam a falta de exames de DNA, impressões digitais e fotografias das cenas dos crimes. Além dessas restrições, a investigação convivia com suposições inusitadas para os dias atuais. Uma das vítimas, por exemplo, teve seus olhos fotografados para que se pudesse descobrir as últimas cenas vistas por ela - como o rosto do assassino.

      Para dificultar o trabalho da polícias, as mortes ocorreram em territórios de duas forças policiais diferentes: a City of London Police e a Metropolitan Police. Rumbelow sugere em seu livro que o assassino possa ter premeditado essa logística para atrapalhar os investigadores.

      De acordo com a Marriott, outro fator, até então inédito, dificultou ainda mais a condução das investigações: a imprensa. Com custo reduzido pela produção em massa e então recentes facilidades de impressão, os tabloides encontravam-se em ascensão na época. Cartas falsificadas enviadas à polícia, manchetes sensacionalistas, informações deturbadas e subornos a agentes estão entre as ações dos jornalistas naquele período. A falsificação de fatos se tornou prática comum no decorrer daqueles meses, a fim de aumentar a circulação e não deixar a história morrer antes da próxima vítima do serial killer.

      Depois da morte de Annie Chapman, os periódicos e a polícia começaram a receber cartas pretensamente escritas pelo serial killer. Todas (ou quase todas) não passaram de trote.

      Mesmo assim, uma delas teve importância crucial para o caso. A missiva que auferiu ao assassino a alcunha de Jack, o Estripador foi obra de um jornalista, segundo investigação da Scotland Yard na época. O autor da carta se passava pelo serial killer e fazia alusão aos crimes para incensar as manchetes de seu jornal, segundo documentos da investigação. Para azar da polícia, o apelido pegou.

      Outra carta, esta de título From Hell (Do Inferno), é considerada uma das mais prováveis de ter sido enviada pelo próprio criminoso. Ela estava dentro de uma caixa que continha um rim. Supôs-se que o órgão pertencesse à terceira vítima, que teve um rim removido pelo assassino, mas a hipótese não foi confirmada.

Confira a tradução da carta:

Do inferno

Mr. Lusk,
Senhor
Eu envio um rim que peguei de uma mulher. O outro eu fritei e comi e estava bem gostoso. Posso lhe enviar a faca se você esperar mais um pouco.

Assinado
Prenda-me quando puder, Sr. Lusk
 

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