quinta-feira, 24 de setembro de 2015

CINEMA EM TIRAS - DRÁCULA DE BRAM STOKER - PARTE 2


    Muitos críticos e fãs de cinema não puderam acreditar que, no início da década de 90, o consagrado diretor dos três O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972/73/90) pudesse filmar o livro que deu origem a um dos mais famosos personagens do século XX. Mas foi o que exatamente aconteceu: Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula), do diretor Francis Ford Coppola, tornou-se um dos grandes filmes do diretor, podendo-se afirmar que é uma das suas obras-primas. O tempo deixou o filme ainda melhor, apesar do excesso de cores, ideia que não existia na obra Drácula, de Bram Stoker.
    Não foi a única “heresia” cometida pelos produtores no decorrer do filme. Uma das mudanças mais radicais foi a criação do clima romântico envolvendo Drácula (excepcionalmente interpretado por Gary Oldman) e a encarnação de sua ex-amada Elisabetha na personagem Mina (Winona Ryder, sensacional) que não existe no livro de Stoker.
    O livro conta uma história de bem contra o mal, sendo que Drácula é o símbolo do mal, única e exclusivamente. Ele não se apaixona por ninguém e muito menos Mina é reencarnação de Elisabetha. Outra “heresia” foi a interpretação dada por Anthony Hopkins ao caça-vampiros Dr. Van Helsing: o personagem é retratado por Stoker como um tipo intelectual sério, bem comportado e totalmente devotado à sua causa, e não o porra-louca irreverente que o filme apresenta. Mesmo o início do filme, que mostra o príncipe Vlad lutando contra os Turcos, não existe na obra de Stoker: tal prólogo foi desenvolvido pelo roteirista Jim Hart com a colaboração do pesquisador Leonard Wolff, que ligaram o personagem Drácula ao príncipe Vlad, da Transilvânia, aliás, a mesma origem utilizada por Stoker, mas não descrita no seu livro.
    Tais alterações não pioraram a história… até pelo contrário, deixaram-na melhor. Infelizmente, o livro do Stoker não chega a ser sempre fascinante. Ele foi escrito em forma de diários, onde os personagens vão contando sua participação na história e, mesmo sendo um recurso criativo e bem usado para contar essa história, Stoker não consegue dar “vida” própria aos personagens: é sempre Stoker e seu heroísmo maniqueísta na fala deles. Sabendo disso, os produtores procuraram intensificar certas situações e melhorar outras. Apesar destas alterações, é o filme mais próximo da história original de Stoker já feito pelo cinema. E uma das grandes surpresas deste roteiro foi o de recuperar uma pequena passagem do original de Stoker que o cinema quase nunca citou: foi o personagem texano Quincey (Bill Campbell) quem cortou o pescoço de Drácula.

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