quinta-feira, 29 de setembro de 2016

MITOLOGIA IORUBÁ - A CRIAÇÃO DO MUNDO


    Esse conjunto de crenças que inspirou o candomblé é baseado na vida em harmonia e em comunidade. Não há separação entre homens e animais, que inclusive agem como humanos. A solidariedade e a prosperidade vêm do trabalho no campo. Também é importante o culto à ancestralidade, por isso louva-se a continuidade da vida, por meio da figura feminina. Humanos e divindades são igualmente suscetíveis às incertezas (mais ou menos como na mitologia grega). Não há o "mal", mas há consequências para as ações que não contribuem com o equilíbrio pessoal e do todo.


  Criação do mundo

1. No princípio, Olorum, o ser supremo, governava o Orun, o céu. A Terra não era nada mais que uma imensidão de pântanos governada por Olokun, a grande mãe, guardiã da memória ancestral. Então, Obatalá, a divindade da criação, teve a ideia de colocar terra sólida sobre os pântanos.

2. Instruído por Orunmila, divindade das profecias e do destino, Obatalá trabalhou quatro dias e construiu Aiyê, o nosso mundo, com montanhas, campos e vales. Para que o novo lugar tivesse vida, Olorun criou o Sol, enviou uma palmeira de dendê e fez chover, para que a árvore brotasse. Surgiram as florestas e os rios.

3. Para povoar o lugar, Obatalá modelou os humanos no barro com a ajuda de Oduduá, com quem formou o casal propulsor da vida. Terminados os bonecos, colocaram neles o emi, o sopro da vida. A primeira cidade em que os humanos viveram se chamava Ifé. Obatalá voltou ao Orun e contou a novidade aos òrìsà.

4. Os òrìsà (ou orixás) são seres divinos que personificam os elementos da natureza e são indispensáveis ao equilíbrio e à continuidade da vida. Eles foram viver com os humanos, e Olorum os orientou: só haveria harmonia se os orixás ouvissem os humanos e os orientassem - eles seriam seus protegidos.

5. A harmonia em Ifé ficou monótona, e as pessoas passaram a desejar casas maiores e colheitas mais férteis. Pediram a Olorum, que alertou que o fim desse equilíbrio traria conflitos. O povo insistiu e Olorum deu o que pediam. A cidade se encheu de contrastes. Incapazes de dialogarem, as pessoas se separaram em tribos.

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