sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SERÁ QUE EXISTE UMA EPIDEMIA NOS CASOS DE AUTISMO?



      Atualmente existe um aumento de casos de Autismo.  Dentre os distúrbios neuropsiquiátricos, vem chamando atenção dos profissionais da saúde uma possível epidemia nos casos de Autismo. Mas será que isso é verdade?
 
      Nos Estados Unidos, da maneira como o diagnóstico de autismo é feito, constatou-se que aumentou três vezes o número de casos nos últimos anos. Mas, segundo pesquisadores, essa realidade não pode ser levada ao pé da letra.   Quando se fala em epidemia de autismo, entende-se que um número muito maior de crianças está nascendo autista. Mas não é verdade. Acontece que mais pessoas/crianças com deficiência intelectual ou com menor desempenho no desenvolvimento mental com sintomas de transtornos neuropsiquiátricos estão sendo classificadas como autistas.
 
      Em 1957, nos Estados Unidos, uma pessoa em cada cinco mil era considerada autista. Já em 2002, uma em cada 150 era diagnosticada com autistas. Dez anos depois, em 2012, os números subiram ainda mais, mostrando uma pessoa autista em cada 68. Hoje, a proporção está em 1 para 51 !! Essas informações foram divulgadas pelo Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).  
 
      Várias suspeitas, em tempos,   vem recaindo em  fatores do ambiente como possíveis responsáveis por uma hipotética epidemia, como as vacinas, alimentos industrializados, venenos organofosforados aplicados na agricultura, presenca de fungos intestinais, glúten e/ou lactose na alimentação, etc. As evidências científicas, no entanto,  nada concluem acerca destes fatores e,  em recente artigo de retratação, publicado no The Lancet, a comunidade científica descartou que as vacinas normalmente administradas tivessem qualquer relação com o desencadeamento do autismo na infância. Por outro lado,  verifica-se cada vez mais que o Autismo está relacionado a outras condições ambientais como prematuridade (abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (abaixo de 2.500 g) e idade materna/paterna ao conceber um filho acima de 40 anos, além de fatores de natureza genética, como: história familiar de autismo, TDAH, transtornos afetivos, esquizofrenia  e deficiência intelectual ou pais com TEA.  O aumento normal da população  geraria, portanto, aumento do nascimento de autistas por extensão por meio da hereditariedade.
 
      Outro dado estatístico curioso é a predominância do TEA nas crianças do sexo masculino, na ordem de 4:1, evidenciando a relação maior desta condição com aspectos genético-biológicos. Outrossim, o aparecimento mais comum de epilepsia (risco de 20-30x maior do que na população geral), distúrbios alimentares, transtornos neuropsiquiátricos (grande associação com TDAH) , malformações cerebrais e síndromes genéticas  intensificam ainda mais esta impressão.  Mesmo assim, muitas pesquisas ainda em sido empreendidas – e com toda razão –  com a finalidade de se tentar identificar um fator ambiental que esteja contribuindo para os aumentos dos índices desta condição tão deletérica para o desenvolvimento infantil mas sem resultados cientificamente convincentes. A retirada de glúten e da lactose da alimentação tem se mostrado levemente convincente em alguns casos. O tratamento com recursos biológicos como quelantes, anti-fúngicos e uso de complexos vitamínicos vem resultando em melhora de alguns sintomas mas sem redução eficaz quando comparado a outras abordagens no conjunto das crianças.
 
AUTOR: Dr Clay Brites

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