quarta-feira, 5 de abril de 2017

A MULHER QUE DAVA À LUZ COELHOS - PARTE 2

      As notícias sobre o nascimento dos coelhos impressionavam tanto as pessoas que Mary Toft conseguiu virar manchete de jornal e ainda afetar o comércio local. No dia 19 de novembro, o Weekly Journal divulgou o caso e, na mesma época, os comerciantes que vendiam carne de coelho não conseguiam mais lucrar porque as pessoas desenvolveram um nojo extremo do animal.
      A essa altura, a população e os médicos começaram a acreditar que se tratava de um caso de “impressão maternal”, uma teoria pseudocientífica bastante popular que circulava na época. Ela acreditava que as emoções e a imaginação da mãe podiam causar defeitos e doenças no parto. Uma mulher que se assustasse com um coelho, como Mary relatava que tinha ocorrido com ela, poderia facilmente transformar o feto com seus pensamentos e, assim, dar à luz coelhos. (Por mais incrível que pareça, essa teoria continuou fazendo algum sucesso até o início do século 20.)
      Ainda incerto quanto à situação, o rei George resolveu mandar mais um de seus profissionais, o cirurgião Cyriacus Ahlers, para checar novamente. Porém, o médico não acreditava na teoria da impressão maternal e não se deixou levar pelos boatos que corriam entre a população. Mesmo vendo a mulher parir mais alguns coelhos, Ahlers se manteve cético.

 

A verdade é descoberta

      No dia 29 de novembro de 1726, Mary Toft é levada contra a sua vontade para Londres para ser analisada. Ela foi trancada em um banheiro e ficou sob intensa observação. Curiosamente, a paciente parou de dar à luz os coelhos. Na verdade, ela ficou bastante mal, teve febres altas e chegou a perder a consciência algumas vezes.
      Enquanto tudo isso acontecia do lado de fora, Ahlers resolveu dissecar alguns dos coelhos em seu laboratório. O mais estranho é que ele percebeu que os coelhos haviam sido golpeados com uma faca e um deles tinha vestígios de feno e milho.
      No dia 4 de dezembro a farsa foi desvendada. Um dos porteiros foi pego colocando um filhote de coelho dentro da sala onde Mary estava trancada. Ele afirmou que a paciente o havia subornado. Outra investigação também revelou que o marido de Toft havia comprado um número suspeito de coelhos nos últimos tempos.
      Três dias depois, quando a corte ameaçou executar um procedimento cirúrgico experimental e doloroso para verificar de perto o que havia de tão especial no corpo de Mary, ela confessou. Junto com a farsa da mulher, caiu a reputação de vários médicos que acreditaram no caso, incluindo Nathaniel St. André, que havia acabado de publicar um livreto contando a incrível história.

A impostora de coelhos

      E agora você deve estar se perguntando como a jovem fez para enganar os médicos, não é mesmo?! A verdade é que Mary Toft havia engravidado pouco tempo antes do escândalo, mas ela perdeu o bebê. Aproveitando que sua cérvix ainda estava dilatada, ela introduziu o corpo de um gato e a cabeça de um coelho no útero, que foi o que sua vizinha a ajudou a parir.
      Como o caso começou a fazer sucesso, Mary costurou bolsos em sua saia e passou a manter partes de coelhos consigo. Quando os médicos não estavam olhando, ela colocava os pedaços para dentro e fingia um parto. Logicamente, esse tipo de atitude teria algum efeito colateral, que provavelmente se manifestou através das altas febres que a paciente teve quando chegou a Londres.
      O mais impressionante é que a mulher confessou que fez tudo isso porque queria sair da pobreza. Em uma época em que os circos de horrores eram conhecidos por abrir espaço para aberrações humanas, Toft acreditou que haveria uma oportunidade para que pudesse ganhar dinheiro dando à luz coelhos.
      Mas o que Mary não esperava era que sua farsa iria por água abaixo. A jovem acabou tendo que cumprir uma pena de cinco meses sob acusação de fraude. Depois de sair da prisão, ela voltou a viver na pobreza e, quando morreu em 1763, ficou conhecida como “a impostora de coelhos”.
FONTE: MEGACURIOSO

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